terça-feira, maio 29, 2007
terça-feira, maio 22, 2007
quarta-feira, maio 16, 2007
Fim da pausa?
Por me estar a dedicar a outras coisas os textos vão continuar a aparecer, mas mais esporadicamente.
Fiquem bem.
quinta-feira, maio 10, 2007
Memórias do Nunca - Parte 13
Movo o diafragma numa tentativa de continuar... não sei bem o quê... não sei bem quem... o peito move-se... mas o coração parece ter parado... inspiro mas o meu corpo recusa-se a respirar... sinto o pulsar nas têmporas... o relógio a cessar o movimento... expiro... expiro... nada sai... expiro... apenas o fumo me apodrece num delicioso morrer... o ventre volta a elevar-se esquecendo de me avisar... ar... só preciso de ar... mas os fluidos negros continuam a entrar... aqui esquece... esquece... questiona... pergunta... interroga.... uma e outra vez nestas raras vezes que no vemos... onde tens andado?... volto a expelir o que lá está... estaco com o vazio ali preso... como sabe bem não ter nada ali... como gosto de parar o mundo... não é mais que isso... é o assim mesmo... sem qualquer movimento... matéria em decomposição para êxtase do paciente... vulgar e obsessivo neste lento salto para o precipício onde a pedra jaz... enquanto caio abro as válvulas do meu ser... tenho esperança do combustível simplesmente entrar... como se flutuasse sem me ver por aí... quero... AR!... submissão sem dono de quem manda... tudo para ti... sem mim... escravidão da existência negada por homens há muito mortos... sonhos de quem marcha ao descobrir o que reina aqui... continuo a insistir... esmurro o peito... AR! AR!... outra pancada seca... AR! AR! AR!.... AR! AR! AR!... o coração começa a bater... AR!... a luz entra novamente... o estrondo vindo do interior... bate novamente e atormenta-me... não consigo descansar... expiro... inspiro... expiro... inspiro... o tempo segue o seu percurso... as formas ganham vida... os membros acordam... cego da intensidade criada... morre! Morre mais uma vez... para que queres tu estar aqui?... expira! Expira sem fim... deixa tudo! Pára de caminhar... para quê?... uma e outra vez tentas a tua morte... eu tornei-me em ti... tu és o que eu sou... EXPIRA! Liberta a morte que vivi em mim... não... não me obedece... inspiro... expiro... inspiro... expiro... inspiro... expiro e continuo a morrer ao ritmo da eternidade do Universo que sente os ciclos de todas as suas estrelas.... inspiro... expiro... inspiro... expiro... e tudo continua para sempre assim...
domingo, maio 06, 2007
Memórias do Nunca - Parte 12
O que passa por mim não é nada de mais. O que vejo aqui não é nada de mais. O que ouço à minha volta não é nada de mais. O que sinto não é nada de mais... nada de nada. Repousa aqui algures a alegria de estar vivo. Mas quem sou eu para me lembrar... Quero? Acho que não. Acho e nada mais. Por estar novamente a recordar. Por viver intensamente a morte que me visita ocasionalmente. Em sonhos... por vezes acordado. Só para me lembrar do que nunca fui e nunca virei a ser. O projecto que não criei e queria apagado. Como que odeio. Mas não chega?... one more try... mas isso é importante? Que se fodam todos e tudo. Não quero saber do que virá. Não quero saber o que está. Estou frio perante as suas vozes que tentam invadir o meu espaço esquecido. Ardor do rasgo que se encontra na carne... mais uma mentira e quem se importa? Um momento esquecido por quem lá esteve não é mais que um passo de quem não consegue caminhar. Hoje é dia de ver o tempo a passar, sem ninguém, sem ver, sem ouvir, sem sentir. Travo bem fundo o doce olhar que me consome e chego até lá. Próximo de ti. Como se nunca daí tivesse saído a dor do meu mundo. Olhos sem lágrimas que me odeiam por odiar, que me tentam trazer de volta ao que foi enterrado. Mas isso é impossível... fica apenas a ansiedade do combate contra mim mesmo. A obsessão de ser o inalcançável. De escolher a opção que não existe. Morte, Deus e vida... Deus sem vida. E morte para todos nós. Sinto o trago amargo a deslizar-me nas veias e esqueço-me de ti. Esqueço-me de que gostei de estar junto a ti, de sentir o teu cheiro, de te amar. Nada de mais, afinal para que interessa isso. The one is lost somewhere in the cold vast space and he won’t ever be found...