terça-feira, dezembro 18, 2007

Câmara Escura

Sentei-me no escuro, num canto da casa. Fiquei ali horas a fio. Detesto a luz. O corpo enterrou-se entre as duas paredes, fundi-me com o betão. As criaturas, que dizem apenas estar na minha mente, puderam sair. Eram semelhantes a pequenos ratos sem pele, mas luziam como pequenas lanternas negras. Agruparam-se à minha frente. Observaram-me sem timidez. Mil olhos penetraram-me com a facilidade de mil seringas. Caí na hipnose provocada por esses seres. Vi mundos sem cor, entes a vaguear pelo espaço, vazios cheios de nada. Quando saí daquele estado, eles já lá não estavam. O Sol tinha nascido. Continuei sentado a tremer de medo. Não quero descobrir mais, não quero saber mais, mas sou incapaz de resistir. Por isso nada faço, simplesmente espero que a noite regresse e com ela uma percepção cada vez maior da nossa finitude.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

101

Festejos pelas 101 descargas.

Happy something!

No more rain

The rain is falling, the last of the last. I haven’t felt it in a long time, the water pouring down on me. I walk. My feet get drenched in the black water. Mud on my legs. I just keep on walking, lost in this vast empty world. No one inhabits this place anymore. I don’t know why I still live. Just to be, doesn’t answer any question. But still the bottom of this dried ocean asks to be treaded.

domingo, dezembro 09, 2007

O porco morreu, viva o porco!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Dream Junkie

He’s been seating for too long in front of his computer. His fingers move by themselves. The keys are pressed continuously. Who he was has been forgotten. In the beginning he just pretended to be someone else, and then he wrote like he was something else. The policeman became the thief, the believer became the atheist, the abstinent became the whore and finally the man became a void. Now, a piece of meat, with its own will, creates what he never had the courage to become.