domingo, dezembro 24, 2006

O computador estava à minha frente. O cursor piscava à espera da introdução de mais dados insignificantes e rotineiros. Na televisão um qualquer pastor americano falava da história de um qualquer “milkman”. Era sobre Natal, perdão e a importância relativa das coisas... Achava não estar interessado, mas senti-me incapaz de a ignorar. Uma história de gente simples, que apenas quer viver vidas simples. Gente que parece conseguir encontrar a felicidade. Tenho dificuldade de o entender, creio ser por isso que me fascinam. Chorei compulsivamente... chorei sem perceber porquê. Talvez... não sei... apenas posso dizer que chorei. As lágrimas correram pela minha face, os músculos contraíram-se em convulsões e subitamente parei como se nada daquilo se tivesse passado.

domingo, dezembro 10, 2006

Escrevo porque me dá na gana, escrevo porque me apetece, escrevo porque aqui me sinto livre, escrevo porque me sinto vivo nestes recantos do meu ser, escrevo para mim, escrevo pela minha sanidade, escrevo porque me sinto incapaz de parar, escrevo para que a hemorragia não estanque, escrevo para ti e outras vezes por ti, mas sem nunca o dizer, escrevo para continuar a funcionar, escrevo para viver, escrevo por terapia, escrevo por diversão, escrevo para matar o tempo, escrevo para dar cor ao meu mundo, escrevo para me enganar, escrevo para te iludir, escrevo por necessidade, mesmo que esta não exista, escrevo porque o sangue me corre nas veias, escrevo por tudo e por nada, escrevo para criar, escrevo para recriar, escrevo para descrever, escrevo contra, escrevo a favor e outras tantas escrevo apatia, escrevo o que passa por mim, escrevo o que nunca vivi, escrevo o que mato, escrevo o que regurgito das minhas entranhas, apenas e muito estranhamente nunca escrevi sobre o meu gato...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Hoje é apenas isto. Hoje não há artifícios. Não quero conviver com quem sou, por isso escondo-me atrás de milhentas personagens com a fragilidade do barro. Não quero ser. Não quero ter de executar, decidir, tomar, optar, agir. Quero desaparecer para o mundo. Encontrar-me. Pegar nos fragmentos e construir algo que aparente sentido. Uma forma que pelo menos consiga andar. Visto desta maneira parece algo simples. As faces passam por mim, são parte de mim, muitas delas sou eu porque por vezes não sei quem sou. Deve ser isso que odeio, a parte que padece de uma doença mental que apenas eu conheço. Isso lembra-me outra parte que detesto, o egocêntrico... me, myself and I... Fuck! Sometimes I even write in english so I can tolerate the stupidity of the pain carried by my words. Always trying to forget some unbearable spoiled kid’s existence. Usando para isso o que for necessário, por vezes para além do que o corpo suporta. Sempre numa busca ridícula da abstracção do aqui e agora, porque não quero nada disto. Porque não suporto as pessoas na sua generalidade, sendo no entanto incapaz de odiar objectivamente quem quer que seja... até a ti fui incapaz e como o desejei. As culpas acabam sempre na fraqueza humana, que começo por reconhecer em mim, mas vejo em todos nós.