Memórias do Nunca - Parte 12
O que passa por mim não é nada de mais. O que vejo aqui não é nada de mais. O que ouço à minha volta não é nada de mais. O que sinto não é nada de mais... nada de nada. Repousa aqui algures a alegria de estar vivo. Mas quem sou eu para me lembrar... Quero? Acho que não. Acho e nada mais. Por estar novamente a recordar. Por viver intensamente a morte que me visita ocasionalmente. Em sonhos... por vezes acordado. Só para me lembrar do que nunca fui e nunca virei a ser. O projecto que não criei e queria apagado. Como que odeio. Mas não chega?... one more try... mas isso é importante? Que se fodam todos e tudo. Não quero saber do que virá. Não quero saber o que está. Estou frio perante as suas vozes que tentam invadir o meu espaço esquecido. Ardor do rasgo que se encontra na carne... mais uma mentira e quem se importa? Um momento esquecido por quem lá esteve não é mais que um passo de quem não consegue caminhar. Hoje é dia de ver o tempo a passar, sem ninguém, sem ver, sem ouvir, sem sentir. Travo bem fundo o doce olhar que me consome e chego até lá. Próximo de ti. Como se nunca daí tivesse saído a dor do meu mundo. Olhos sem lágrimas que me odeiam por odiar, que me tentam trazer de volta ao que foi enterrado. Mas isso é impossível... fica apenas a ansiedade do combate contra mim mesmo. A obsessão de ser o inalcançável. De escolher a opção que não existe. Morte, Deus e vida... Deus sem vida. E morte para todos nós. Sinto o trago amargo a deslizar-me nas veias e esqueço-me de ti. Esqueço-me de que gostei de estar junto a ti, de sentir o teu cheiro, de te amar. Nada de mais, afinal para que interessa isso. The one is lost somewhere in the cold vast space and he won’t ever be found...
1 Comments:
Leitores assiduos do memórias do nunca aguardam mais e novas peças fragmentadas das realidades e ilusões imaginadas que fazes por manter em ti.Aguardamos mais sentires teus.
... e um aceno para a madeira, direitinho para ti.
Enviar um comentário
<< Home