segunda-feira, abril 09, 2007

Memórias do Nunca - Parte 4

Contigo

Estou deitado ao teu lado. Vejo-te dormir e pergunto-me que sentido encontro em tudo isto. Sinto-me quase em paz. Mas essa sensação já é tão distante que não a consigo perceber ou ter a certeza dela. Onde estás tu? Aqui comigo ou longe noutro qualquer lugar sem que nada disto tenha qualquer importância? Que importância lhe dás? Só queria ver-te, no entanto... Até que ponto era importante continuar? Respiro fundo e continuo a observar-te. Dormes como se nada se passasse. Eu... eu sinto-me mais uma vez só no meu distante e confuso mundo, onde as dúvidas abundam. Penso o que teria sucedido se tivesse mantido relações passadas, apesar disso ser uma coisa que de modo algum desejava. Aproximo-me do teu corpo, cheiro o teu cabelo... és linda... nos meus olhos formam-se lágrimas. Não sei sequer dar resposta ao motivo... mais uma vez. Estou triste? Sinto que não me pertences? Mas nunca quis alguém meu. Que merda... não foi essa liberdade que sempre pedi? Agora não consigo lidar com ela. Quero-te de volta, apenas para mim. Egoísmo?... Quero sentir-te minha. Quero algo de especial que não consigo criar em mim, como to posso exigir? Só queria... não sei... algo que me deixasse em paz. Não numa espécie de simulacro. Deslizo a minha mão pelo teu corpo e viras-te para mim. Abraças-me ainda a dormir. Sou eu quem abraças? Ou é apenas um reflexo? Amo-te... amo-te sem que tu o entendas, sem que o diga sob pena de ser castigado com o afastamento. Preciso de mim, preciso de ti, preciso de uma união que parece impossível. Este momento é precioso e sei-o demasiado bem para o poder gozar na sua plenitude. Beijo-te a testa e tu retribuis-me com um beijo na boca. Sinto o teu toque no meu sexo e o teu beijo a tornar-se mais intenso. Quem és tu? Diz-me... por favor... responde-me... o meu pénis fica duro e beijo-te com desejo. Sou apenas mais um? Até onde devo aguentar tudo isto? Penetro-te sem preservativo, possivelmente num acto animal de marcação de território. Quero-te para mim... apenas para mim. Não consigo lidar com dúvidas constantes sobre o que queres de mim e para ti. Beijo-te como se fosse a última vez que o fizesse... era isto que não queria que acontecesse. Queria... queria... mas é impossível. Tenho que esperar? Isso leva a algum lado? Serve algum propósito? Vens para cima de mim e esqueço as minhas dúvidas. Embrenho-me no acto. Só penso em me vir. A tua vagina introduz e retira o meu pénis de dentro de ti numa cadência lenta que torna o movimento hipnotizante. Neste momento o universo traduz-se em ti... apenas em ti e no balançar da tua anca. Continua apenas mais um pouco... estou à beira do orgasmo. Percebes e pareces excitar-te com isso. Manténs o movimento e venho-me dentro de ti. Continuas mais um pouco e vens-te também. Abraças-me e sinto-te comigo. Aqui. Por breves instantes sinto-me em paz.