Espelho
Linhas de luzes descem pelo espelho. Acendem-se e apagam-se numa suave variação de intensidade periódica. O resto do espaço tem luzes de várias cores, todas elas fracas. A roupa preta que visto, destaca-me o pescoço, a cabeça e as mãos no fundo do negro vazio. Os corpos à minha volta não param os seus movimentos ao ritmo da música. Não consigo deixar de olhar para o espelho. Não me consigo ver ali. Logicamente sou eu, não pode ser mais ninguém, mas não me consigo ver ali. As mãos movem-se de uma forma hipnotizante. Subitamente misturam-se com os corpos que por aqui passam. As danças são agora minhas, apesar de eu não sair do lugar. Aquele corpo não é meu. A intensidade do som leva as sensações ao rubro. Até que tudo pára e regresso a mim.