segunda-feira, setembro 25, 2006

O ar rodeia-me em lunares vozes diurnas. Plano. Voo acima de todas as coisas. O vento afaga-me o cabelo. Abro os braços pronto para a crucificação sem que ela se aproxime. Mergulho fundo na mãe Terra. O seu calor aconchega-me. Engole-me. Esconde-me. Faz-me perder em mim. Outros passeiam-se ao meu lado, mas nenhum deles se sente perturbado pela minha presença. Soa a algo estranho, este mundo incandescente. Deixo-me cair um pouco mais e sou arrastado para o cerne de Tudo. Só que aqui não há frio, não há calor, não há dor nem paz... Aqui a vida não passa, a morte não chega, o momento arrasta-se pela eternidade sem tédio ou entusiasmo... Aqui, no centro de Tudo, apenas habita o Nada, unicamente o Nada.