quinta-feira, janeiro 04, 2007

O cheiro a maresia invade-me. O vento afaga-me o cabelo, com uma violência própria desta terra. Uma aspereza que sempre me ensinou, por vezes mais do que queria. Os carros acumulam-se atrás de mim. À minha frente o rio quer separar os espaços que sempre viveram unidos em mim. Os moinhos de maré assentam em terrenos esquecidos pelo betão... O betão que torna a paisagem caótica, mas atraente. Nas pessoas não se vêm padrões constantes. A dona de casa, que passeia o cão pela rua em roupão e chinelos, não quer saber o que eu penso e nem imaginas a alegria que isso me dá. As vivências no caos abrem-nos a mente sem que o queiramos. Por mais que odeie este sítio, por mais que o tente abandonar ele ficou para sempre comigo. Quando tenho saudades desse mundo à parte olho para mim, porque ele esculpiu o que sou.