domingo, outubro 22, 2006

Fujo de mim... não me quero sentir aqui. O teu horizonte vagueia sem direcção. Fica aí. Não te aproximes. Queres-me assim? Segue-me. Vamos caminhar neste trilho ausente de esperança. Repleto de ilusão. Por onde ninguém passou. Por onde nunca passarão. Gente a quem o esquecimento cortou asas de anjos negros na fragilidade do tecido temporal. Juntos e sós. Ela e a regressão. Podemos parar. Voltamos para trás? As estrelas penetram-te, impossível dizer que não. Não nos movemos. O mundo passa por nós. As faces seguem-nos. Nada. Respondo-me por ti. O que mais foi? Guarda o monte Gelo, segue a escuridão. Linhas nascem atrás de mim. Luz implacável. Nuvens de concreto a roçar o sem nexo. Jamais tornará a brotar tormentos indagáveis. Guarda imagens de suor, não as quero para mim. Vemo-nos por aí? Sem qualquer valor? Sou eu que canto murmúrios do futuro que chamo para mim. Um movimento de queda perpétua, forjada como o mais belo dos presentes, de ti para mim. Um homem à nossa frente. Simples e decidido. A sua morte é certa na vulgaridade. Guarda esse olhar para ti... Não te quero aqui.