Reticências pautam a conversa de esferas que se completam. Esferas que rodam sobre o seu eixo, numa ordem cósmica. O caos perde-se e renasce promovendo essa ordem nova para olhares distantes. Olhares plenos de reticências, densas, contrariando o caos da consciência, polindo a sensibilidade esférica. A esfera ganha forma e evolui, a espiral é criada de fora para o infinito e o mundo abre-se-lhes. Os olhos sentem as suas órbitas rodarem sem direcção, repousando no infinito horizontal, onde o sol e a lua as acompanham num movimento de expansão. As linhas encontram-se e afastam-se oscilantemente com período incerto, mas no período correcto da intuição. A esfera pára, as seguintes repetem-na, as reticências unem-se, o silêncio consome o caos, a conversa une-se, a intuição abre-se para o todo. As dúvidas permanecem, mas com a força de quem as cria, a rotação mantém o interior da esfera sem quebras e rodeia-a numa procura de um prazer prolongado. Prazer intenso, interior, encontrado nas dúvidas, do centro espiral acidamente esférico, mas coberto pela força contrária. A estrutura que protege é amorfa, num método de desenvolver campos de vontade involuntária para a perseguição do que é desconhecido. Desconhecido calmo, horizontal, plano de neblina matinal entre o céu e o mais acima, onde se dilui o todo em nada, em sentimento presente de ausência corporal, ausência de procura por diluição total da forma. Vêem-se. Olham o que está ali. O que passou naquele turbilhão de ideias. Sonhos inacabados que vivem por nós. Nós, que desfazemos nós, que unimos reticências, que quebramos esferas cósmicas, que cativamos o caos até um sono profundo, onde os sonhos nos reflectem em ordens constantemente renovadas. Histórias vividas para crentes mudos na ânsia de ouvir gritos de calma do que ficou por vir, sabendo que o que virá é diferente do que será, tal como o que foi, foi diferente do que aconteceu, mas sempre crentes que acontece o próprio, o definido, incontornável, mudo, para que possamos recomeçar novos desejos. Pego no que é meu e sigo caminho. Não olho para trás, mas sinto-te comigo. Paro e ouço-te em mim, sem ti. O caminho empurra-me numa trilha paralela à tua, tendo por fundo o mesmo horizonte, e por frente a mesma esfera, ouvimos os nossos passos e é o bastante para prosseguirmos, nos sonhos da intuição, no caos das dúvidas vividas, na certeza dos prazeres que nos reserva o cosmos, ou mesmo no nosso centro, o eixo centrípeto do planeta onde vagueamos. Por tudo isto ergo o braço, os meus dedos movem-se com vontade própria, cada articulação tem uma alma própria, mas todas elas com um propósito único, tocar-te como se fosse a última vez. Registando em ti, tal como em mim o ADN das minhas fórmulas, o ADN dos teus sentidos, partilhando em corpos e astros uma carta de direcções válidas, tão livres quanto próximas, tão perdidas quanto iguais no tempo e espaço do mapa interior que sentimos comum. Constrói em mim alvoradas de mundos novos, tempos esquecidos pela inexistência, realidades regurgitadas pelos deuses, a morte de certezas sem vida, nada em troca, apenas uma entrega egoísta. Dou-te uma certeza: as certezas são mortes vivas; as alvoradas são trocas onde cada um se entrega; o egoísmo é respeito; o esquecimento é inexistência e respeito pelo tempo que os deuses aconselham para a hora de regurgitar as realidades que impedem de revisitares os tempos que sempre existiram e sempre farão o mapa por ti aceite antes de te conheceres.
Este texto foi uma colaboração que se prolongou pela noite dentro.
Abraça o Duo que há em ti!
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