Miúdo Vs God
Um pé atrás do outro. Vejo o chão a passar. Ouço gentes, mas mantenho os olhos colados ao solo. Uma barata foge à minha frente, para se enfiar num buraco. Uma pedra de calçada está fora do sítio. O lancil põe termo ao passeio. Segue-se alcatrão. Um pouco de areia e algumas manchas de óleo, já há muito entranhado no piso. Folhas secas, junto ao lancil do outro lado da estrada; piso-as. O som é delicioso. Os estalidos, que se assemelham ao crepitar de batatas a fritar, transmitem-se pelos meus pés. Subo para o novo passeio. Os carros passam ao meu lado. Sapatos em movimento aproximam-se e logo se afastam. Não existo. Nem Deus se lembra de mim. Só agora posso perscrutar o segredo da existência. Estou livre do mundo, para poder debruçar-me sobre o sentido da vida, sem que seja fulminado pelo pecado supremo do entendimento da sua essência.
2 Comments:
A que sabe, o fruto da árvore do conhecimento?
Questão curiosa... de imediato diria liberdade, mas poderão surgir aromas inesperados após a deglutição.
O melhor mesmo era falar com o miúdo que desafiou Deus. Pode ser que um dia regresse para contar a história.
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