domingo, julho 15, 2007

Cicatrizes

As cicatrizes foram sarando. Ela observava as feridas à medida que fechavam, olhava-as para não as esquecer. Cada uma era única. Cada uma tinha uma história. Algumas de ódio, outras de prazer, outras de amor. Houve alturas em que as quis simplesmente apagar, mas isso era impossível. Depois tentou tapá-las, só que elas teimaram em arder com o roçar dos tecidos. Percebeu que as tinha de encarar e cuidar. Quando achou estarem tratadas saiu à rua. Mas, por algum motivo, o mundo continuava com contornos estranhos. A dor mantinha-se, o sofrimento não desapareceu. Se conseguisse ao menos olhar para as suas costas, tinha visto a cruz em carne viva que continuava ali.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eis o que acontece quando se brinca com o ferro de marcar os animais.

16/7/07 11:22  

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